quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Reticente

     Perdi um pedaço de mim. A parte que representava os sonhos, planos, sorrisos, lágrimas, sorrisos. Tudo encontra-se em pedaços agora. Tudo em silêncio aqui dentro. Acordar só não é mais difícil que dormir - e como era bom acordar ao lado dela. Perdoem se me pareço desconexo na escrita, mas ainda é difícil me organizar sem ela, afinal, ela o fazia. 
        Organizar-me...Parecia mais simples com ela.
     Odeio a efemeridade das coisas! Nosso "pra sempre" era tão real que me esqueci de que ele acabaria, afinal, é como as coisas são, não é verdade? O gajo que criou o efémero não era muito de se apaixonar, não era feliz...Portanto fez questão de que ninguém mais fosse.
     Catar os cacos...Como se faz isso? E depois que eu fizer? Devo guardá-los e quiçá me cortar? Ou jogo fora uma vida de duas almas nadando num aquário? - Silêncio - Por mais que esteja perdido, essa é fácil de responder. Essas duas almas ainda têm muito a nadar.
     
     O mais difícil é o silêncio. O silêncio de um domingo. O silêncio da solidão.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Despreocupação

     Certa vez fui questionado sobre a tranquilidade. Não minha, por favor. Mas a tranquilidade em si, dessas que você põe aspas em volta, mas eu cismo em não pôr. Para tal dissertação, ou qualquer coisa parecida que comece com parágrafo e termine em ponto, acabei por abalar a minha. 
    E como é frágil, não? Não posso mais usar do saudosismo e simplesmente parar e contemplar qualquer virtude ou virtuoso ambiente. O tempo, senhor do mundo já não é mais senhor nem dele, o homem o escravizou e acabou por sendo escravizado.
    A tranquilidade é o amor ao tempo. É o respeito ao passado, o deboche do futuro e gozo do presente. E quem a cria somos nós. Quando a única coisa que queremos é olhar para o horizonte até o sol desistir de nos encarar, quando o sorriso dos que amamos é o único alimento que precisamos. Quando nossos planos são tão sérios que podemos dizer "Ah, deixa para amanhã."! Quando marejamos os olhos ouvindo Jobim e lembramos que ainda temos toda uma vida pela frente.
     Não falo de ócio porque parece coisa de vagabundo - como se houvesse menos dignidade, mas canto à despreocupação. Despreocupa-te, homem, pois curta é a vida, e hemos de curtir! Livra-te do tempo e de suas amarras. E livra-te também dessas ordens, afinal quem sou eu para dá-las. Posso sugerir, quem sabe. 
   Falo em sussurro pois meus credores podem vir a ouvir. Que tal tomarmos alguma coisa? Saudarmos Noel e a boemia tão saudosa? "Quando eu morrer, não quero choro nem vela..." Isso eu já falo cantando, porque é um privilégio poder cantar à felicidade.
      
      

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Dois

    
- Amor, eu vim aqui para comer muito.
- Relaxa, amor, na pior das hipóteses você ainda pode abrir a calça.
        
        A tenho faz 3 anos, mas insistimos em chamar de 2. Nesse tempo ela tem me ensinado um bocado de coisas, dentre elas: paciência e responsabilidade, e que faço questão de esquecer.
      Dedico meus dias e noites, mais noites do que dias, à ela. E gosto disso. Pensamos em casamento, mesmo que isso vá contra toda a correnteza, mas o que é a correnteza quando meu porto seguro é ela? 
       Ah, Déborah, peço aos céus mais 2 anos, viu? Qual não seria minha arrogância pedindo a eternidade. Então, peço 2 agora, quando completarmos 3 anos, peço mais 3 anos, e assim vamos indo, nos amando, rindo e comendo bastante.