quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E Lá Vem o Novo Ano...

     Motivos para comemorar o novo ano que está por vir a gente até tem, se a gente levar a vida com o exclusivo otimismo que já vem no DNA do brasileiro. Eu já prefiro ser mais realista.
    Eu deveria celebrar o quê? Tubos de dinheiro que somem em bolsos - não mais apenas em bolsos - de pessoas que deveriam nos assegurar o futuro? Centenas de pessoas que perderam tuas casas pela força de uma natureza revoltada? A fome? Eu mesmo não tenho o que comer no momento, o caso é que eu posso resolver, é só jogar qualquer troço congelado de gorduras trans no microondas e pronto, mato quem me matava. Mas e eles? Curioso, né? Patrícias e Maurícios fazem de tudo para se livrar dessas gorduras trans, enquanto os famintos dariam um dedo mindinho por elas.
    É isso que eu tenho que esperar do próximo ano? É aí que entra o otimismo, pelo menos o meu. Sem ele o número de suicídios de pessoas conscientes seria absurdo - digo pessoas conscientes pois as alienadas são cegas e nem mesmo acertariam um tiro na testa. Esse otimismo induzido é uma das melhores ferramentas do mundo moderno para anestesiar-se e continuar vivendo.
    Eu não espero o caminhão do Faustão bater minha porta no ano que vem, mas quem sabe umas boas risadas, afinal, eu tenho um cão.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Palavras ao Pé do Ouvido

     Certa vez pensei no amor, no que seria isso, no porque necessitarmos de outro para nos completar - não venham com orgulho, pois todos necessitam. E vislumbrei não uma resposta, por mais que tenha servido como tal, vi, pois sim uma morena - que morena, se me permitem. De pronto lhe rabisquei algumas poucas palavras que saíram mais como besteirinhas ao pé do ouvido.

'bem, eu digo que amo, porque amo mesmo
no pleno sentido da palavra dita, sabe
formas, cores, sentidos e aromas teus
já são tão meus que me é peculiar a confusão

êta confusao gostosa
dessas em que a gente se pega e sorri
num sorriso gostoso que você sente a falta do outro
só pra compartilhar o momento tão sublime

tão doce, tão sincero
feito nosso amor, nossos amores
nossos momentos
risos, sorrisos, brigas, lágrimas
tão nossos
tão únicos
(...)

ah, as lagrimas...
as tenho pois te tenho
e te ter não leva a tê-las
mas não te ter sim, assim as tenho...
afinal, já chorei apenas ao olhar fixamente pra uma foto tua qualquer'

     E ela sorriu. Ela sempre sorria, sorria e me olhava com aqueles olhos que de todos os olhos foram os únicos que nunca consegui penetrar. Pelo contrário, eles é que o faziam.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cigarro Amarelo

Ah, quando numa terça-feira, assim pela noite, dessas de ócio e cigarros, me foi questionado por meu pai de onde vinha tal aptidão pelas letras - regojizo sobre a presunção - afinal de quem havia herdado?. Respondi-lhe que tal habilidade havia se formado consoante a formação do pensamento, os interesses, e que não se adequa a coisas de sangue como havia conjecturado. Afirmei que as letras deveriam ser do homem, afinal, a fala o é, e que a expressão quando manchada sobre o branco do papel ganhava liberdade, mais que quando evidenciadas sobre a face desse mesmo homem.
Houve o silêncio. Era pesado, como se dois gigantes resolvessem se encarar. A era das concessões por minha parte havia acabado e ele sabia, ou suspeitava. Num misto de surpresa e satisfação - quão era orgulhoso - via-se a percepção de que seu filho havia por se tornado um homem feito, ou alguém deveras convencido. Como das duas lhe era satisfatório, resumiu-se apenas em balançar a cabeça, num gesto de compreensão.
Há de se esclarecer que nunca me dei com o velho, só conto o acontecido porque convencionei como curioso, no mínimo. Afinal, onde estava o descaso corriqueiro, a cordialidade de que compartilhava como se fosse um transeunte em minha casa. O caso é o recalque por pensar na relação estritamente - sem intransigência; às vezes não - financeira que estabelecera desde os anos em que eu contava como anos.
E lá permaneceu, assistindo a sua televisão e fumando seu cigarro amarelo. Tal qual inatingível, como um totem. O pior: notam a admiração ainda? Piegas, mas notável.
Ah, se tudo isso fosse real. Pena, mas não foi; e bem que seria interessante.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Apresentação

A solucionática da problemática, como diria um nobre filósofo e pensador das ruas qualquer, é a seguinte... como mais um zé, venho contribuir com mais um 'qualquer coisinha' de palavras, que espero tenha 'qualquer coisinha' de efeito em 'qualquer coisinha' de lugar ou alguém.
Mais um zé que acorda, pensa e faz e fala, o diferencial aqui é que este zé escreve também.