terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Exagero sim

Sempre provarei do gosto da adolescência
e eu juro que sinto esse gosto em você, minha menina.
Meu encanto só não é maior que minha saudade
que teima em me apertar o peito em noite quente.
Já me prometo uma crônica há uns dias, quase consoante às minhas promessas de eternidade.
Abdico de métrica afinal paixão não tem metragem, mas tem ritmo.
Contudo, juro que, não fosse o álcool, te jurava toda a métrica do mundo.
Cansei de jurar, menina. Jura-me algo? Jura-me promessas? Juro amar, no exagero que me impõe tua palavra dita, tão fraca, covarde de se aventurar.
Exagero porque respiro amor. Não te inflas o ego porque amo desde que acordo a hora que penso em desamar; e escolhi exagerar você.
Pena o dia que meus suspiros, uma vez, não serão pra ti.
Já me disseste que tudo tem fim no seu universo imposto efêmero.
Em meu universo, imposto é festa que vara noite, noite que vara pensamento, vaga lembrança que acende meu cigarro de pensar e sorrir.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Calcanhar

Minha lucidez vem carregada de um câncer indolor que só mancha meus olhos de olheiras que julgo desnecessárias. Os tumores de que falo e quase me levam a um naturalismo que recorro em certas palavras têm razão de sorriso que faz chorar. Chora, cão de rua.
Meu apego é meu calcanhar que um Aquiles já feriu, fez que não doeu, e hoje é prenda que o resto paga para um dia sonhar sorrir. Eu não sou Aquiles, eu não sou aquilo, eu não sou nem este que vos fala; quem o faz se perde nos nomes, tanto nos seus quanto dos que já amou.
Triste é ser feliz em dose homeopática, paleativa. Um nobre amigo ensaiou sobre felicidade e a distinguiu de diversão magistralmente. Ser feliz é viver, divertir-se é estar. Paleativamente me acendo um cigarro e penso no quão indolor isso pode ser. Mais para a frente eu descubro.
Carregamos parte do que já vivemos para construir nosso todo. Guardamos em uma bolsa que carregamos para todo canto e vira e mexe a perdemos em outros cantos para outros todos. Eu guardo debaixo da cama e meu bicho-papão visita todo dia. Hoje, tomamos café todas as terças, eu e o papão - ele não fala muito.